A pandemia COVID-19 deixou uma marca indissipável no mundo, em particular nos sistemas de saúde. Nas últimas décadas, para prestar cuidados centrados na família, inúmeras organizações de saúde nacionais e internacionais desenvolveram políticas e práticas que promovem o envolvimento dos membros da família como parceiro no cuidado.
A crise sanitária atual aumentou a consciência sobre o papel que a família desempenha na vida das pessoas e a necessidade dos profissionais de saúde repensarem a família como foco de cuidado e intervenção. A Rede Internacional de Cuidado Centrado na Criança e na Família (INCFCC) destaca o impacto de medidas integradoras da família sobre o cuidado a criança, realçando, ainda, o direito da família em ser parte ativa do cuidado e do cuidar, afirmando, ainda, que os protocolos COVID-19 criaram desafios consideráveis à prestação de cuidado centrado na família.
Carla Fernandes, docente da Escola Superior de Enfermagem do Porto publicou, e investigadora CINTESIS acaba de publicar um novo paper na revista International Nursing Review. O artigo “(Re)‘Thinking’ family in nursing care in pandemic times” foi produzido em coautoria com Bruno Magalhães[1], Sílvia Silva[2] e Beatriz Edra[3].
Este trabalho pretendeu identificar as estratégias adotadas para lidar com as restrições familiares nas unidades de saúde e avaliar a perceção dos enfermeiros sobre a inclusão da família na assistência de enfermagem durante a atual pandemia.
O estudo foi realizado em Portugal, entre outubro e novembro de 2020, e incluiu 192 enfermeiros. Dos resultados obtidos, cerca de 41% dos profissionais reportaram a não autorização de visitas de familiares aos serviços em que trabalhavam e cerca de 67% referiram ter recorrido à videochamada, devido às restrições impostas, para ligar o doente com a sua família.
Os autores concluíram, assim, que embora uma percentagem relevante de enfermeiros tenha uma atitude positiva em relação à família e tente encontrar estratégias para manter o cuidado centrado na família, muitos profissionais ainda consideram a família um elemento distrator dos cuidados de saúde ao paciente, sendo que a atual pandemia de COVID-19 poderá ter agravado essa perceção. As conclusões deste estudo destacam a necessidade de repensar a família na assistência de enfermagem durante a pandemia. O contributo dos enfermeiros no controlo e tratamento durante a pandemia de COVID-19 foi de grande importância, sendo urgente integrar a família nos processo de cuidado de saúde.
[1] Escola Superior de Saúde Santa Maria
[2] Escola Superior de Saúde de Leiria
[3] Escola Superior de Saúde Santa Maria