O vírus da imunodeficiência humana (HIV) é uma das doenças mais prevalentes no mundo e é considerada um problema de saúde pública, não só porque compromete o sistema imunológico, mas também porque tem ligação com o sistema nervoso central, levando a distúrbios cognitivos. Entre estes distúrbios está a demência, que interfere nas funções motoras, comportamentais e intelectuais do indivíduo infetado, causando-lhe a incapacidade de realizar atividades quotidianas.
Este foi o mote para o artigo “Application of Data Mining Algorithms for Dementia in People with HIV/AIDS”, recentemente publicado na revista Computational and Mathematical Methods in Medicine Journal por Wilson Abreu[1] em coautoria com investigadores da Universidade Estadual do Ceará e Universidade de Fortaleza.
Este estudo teve por objetivo identificar o algoritmo de melhor desempenho e as características mais relevantes para categorizar indivíduos com HIV/SIDA com alto risco de demência, a partir da aplicação de mineração de dados.
A aplicação de Algoritmos de Mineração de Dados é um dos processos de exploração de dados capaz de prever e extrair padrões consistentes. Com este método, o profissional de saúde poderá identificar, caracterizar e orientar o paciente com base em padrões e terapias para diferentes doenças. Pela utilização destes algoritmos foi possível classificar e analisar as principais características da demência em pessoas com HIV / SIDA.
Na realização deste estudo foram analisados dados de 270 indivíduos infetados com HIV/SIDA e acompanhados em ambulatório num hospital de referência em doenças infeciosas e parasitárias do Estado do Ceará, no Brasil, no período de janeiro a abril de 2019.
Como resultados, o trabalho de investigação permitiu perceber a interação de outros transtornos mentais presentes nos sintomas iniciais de depressão, p.e. ataques de pânico e sentimentos de perseguição em indivíduos infetados com HIV.
De facto, identificar as principais características de predição da demência em pessoas com HIV pode auxiliar o profissional de saúde no encaminhamento e tratamento adequado dessas pessoas infectadas através da psicoterapia interpessoal, cognitivo-comportamental e de suporte, para além da orientação sobre a adesão ao acompanhamento da terapia antirretroviral, convívio social e atividades instrumentais destes indivíduos.
Foram coautores deste estudo: Luana Ibiapina Pinheiro[2], Maria Lúcia Pereira[3], Marcial Porto Fernandez[4], Francisco Vieira Filho[5], Wilson Abreu[1] e Pedro Pinheiro[6].