Nas últimas décadas o conceito de fragilidade tem estado na ordem do dia devido à elevada frequência da sua ocorrência e ao peso das suas consequências, não devendo ser encarada como uma condição inevitável do envelhecimento. Torna-se, por isso, essencial que os enfermeiros de saúde comunitária identifiquem precocemente a fragilidade nos idosos e intervenham no desenvolvimento de estratégias, na gestão de sintomas e na redução do risco da incapacidade e dependência, de forma a alterar, potencialmente, o estado de fragilidade.
O artigo “Fragilidade em pessoas idosas residentes no domicílio inscritas numa unidade de saúde do Norte de Portugal”, publicado na Revista Portuguesa de Enfermagem de Reabilitação, pelas docentes da Escola Superior de Enfermagem do Porto e investigadoras do CINTESIS, Olga Ribeiro e Manuela Martins, em coautoria com Ana Faria[1], José Alberto Laredo-Aguilera[2], Esmeralda Faria Fonseca[3] e Joana Martins Flores[4], pretendeu analisar o perfil de fragilidade dos idosos a residir no domicílio e inscritos numa Unidade de Saúde no Norte de Portugal.
Na realização deste estudo participaram 173 idosos a residir no domicílio e inscritos numa Unidade de Saúde, tendo os dados sido obtidos através de entrevistas não presenciais, entre outubro de 2020 e janeiro de 2021.
De acordo com os resultados, os autores concluem que a fragilidade tem uma maior incidência em mulheres idosas, motivado pela maior perda fisiológica de massa muscular, resultante das condições que foram experimentando ao longo da sua vida, tais como o desempenho de tarefas domésticas, vida social circunscrita e pouca independência económica. Além disso, a dificuldade em andar foi frequentemente descrita no relato feito por esses idosos frágeis.
Apesar da influência das várias dimensões da fragilidade, verificou-se que cada idoso apresenta diferentes necessidades e problemas, alvos da intervenção do enfermeiro de reabilitação. Enquanto uns necessitam de maior intervenção na promoção da independência funcional, outros necessitam de aprender a gerir o stress, a ansiedade e o isolamento social.
De facto, concluem, este estudo pode contribuir para a melhor compreensão da epidemiologia da fragilidade nesta população e demonstra a necessidade dos idosos serem acompanhados por enfermeiros de reabilitação para melhorar as condições de risco ou as condições que contribuem para a fragilidade.
[1] Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto & Agrupamento de Centros de Saúde (Aces) Ave/Famalicão, Famalicão, Portugal.
[2] Universidad de Castilla-La Mancha, Espanha.
[3] Centro Hospitalar Universitário de São João, Portugal.
[4] Escola Superior de Enfermagem do Porto, Portugal.