Intitulado “Independent risk factors for ventilator-associated pneumonia: A multi-ICU cohort study”, o estudo foi conduzido ao longo de 15 meses e analisou 828 doentes adultos submetidos a ventilação invasiva por mais de 48 horas. Esta investigação, parte de um projeto mais amplo, teve como objetivo desenvolver uma norma de orientação clínica e melhorar indicadores de saúde na pessoa em situação crítica. Durante o estudo, foram documentados fatores de risco intrínsecos e extrínsecos, bem como a eficácia das intervenções implementadas para reduzir a incidência de pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV).
A análise incluiu doentes internados em três Unidades de Cuidados Intensivos (UCI) do Centro Hospitalar Universitário de São João (CHUSJ), com uma mediana de permanência hospitalar de 26 dias. A duração média de ventilação invasiva foi de 9 dias, e foram excluídas readmissões de UCI com menos de 48 horas.
Os dados foram analisados utilizando regressão logística para identificar relações entre fatores de risco e PAV. Entre os fatores destacados estão a idade, o tempo de exposição à ventilação invasiva e a natureza da admissão, como casos de trauma.
Após a implementação das intervenções, a PAV reduziu de 7,89 para 6,24 casos por 1000 dias de intubação. O aumento da duração da ventilação invasiva foi diretamente associado à maior incidência de pneumonia associada à ventilação mecânica. Doentes admitidos por trauma apresentaram risco elevado devido a múltiplos fatores associados, como lesões graves e intubações de emergência. Apesar de estudos anteriores associarem a idade avançada a um risco maior de PAV, este estudo observou o contrário. No entanto, os investigadores sugerem que a idade pode ter um papel de controlo sobre outros fatores no modelo de risco.
Os investigadores sublinham, ainda, que o modelo criado explica 23,3% da variação nos casos de pneumonia associada à ventilação mecânica e apresenta um bom ajuste estatístico. Apesar das limitações, os resultados são um passo pioneiro para o desenvolvimento de ferramentas preditivas mais robustas e adaptadas a UCI polivalentes.
Este estudo reforça a importância de intervenções baseadas em evidências para reduzir a PAV, melhorando os cuidados de saúde na pessoa em situação crítica. A continuidade da investigação é essencial para aprimorar as práticas clínicas e garantir melhores outcomes.
O artigo, publicado na revista Intensive & Critical Care Nursing, é da autoria das docentes da Escola Superior de Enfermagem do Porto e investigadoras CINTESIS@RISE, Ana Sabrina Sousa e Celeste Bastos, em conjunto com Cândida Ferrito, Liliana Matos Pereira e José Artur Paiva.