Traduzida e validada escala para medir a ecoansiedade no contexto português
Docentes da ESEP participaram em estudo que teve como objetivo traduzir e validar a versão portuguesa da Hogg Eco-Anxiety Scale.
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O agravamento das condições climáticas pode amplificar as respostas emocionais das pessoas a uma crise ambiental. Em Portugal, os jovens parecem estar especialmente preocupados com climáticas alterações climáticas. Contudo, este fenómeno precisa de ser interpretado utilizando os instrumentos mais precisos. Assim, o estudo, que conta com a participação dos docentes da ESEP e investigadores do CINTESIS@RISE, Francisco Sampaio e Carlos Sequeira, teve por objetivo traduzir e validar a versão portuguesa da Hogg Eco-Anxiety Scale em jovens adultos e identificar as associações entre ecoansiedade, características sociodemográficas e comportamentos pró-ambientais.

O artigo intitulado “Validating a measure for eco-anxiety in Portuguese young adults and exploring its associations with environmental action” contou com a aplicação de um questionário a 623 estudantes do Ensino Superior em Portugal, com idades entre os 18 e os 25 anos. Este questionário incluiu a tradução para português da Hogg Eco-Anxiety Scale, uma avaliação sociodemográfica e questões relacionadas com comportamentos pró-ambientais. A análise fatorial confirmatória foi conduzida para avaliar a validade da versão portuguesa da escala e foram usados os índices globais de ajustamento para avaliar se a estrutura original de quatro dimensões da escala era reproduzida. A fiabilidade da versão portuguesa da escala foi avaliada pelo coeficiente alfa de Cronbach e pelo coeficiente de correlação intraclasse. A invariância da medida examinou as diferenças entre os sexos na interpretação da escala. Foram ainda utilizadas regressões lineares para detetar se as variáveis sociodemográficas eram preditoras da ecoansiedade, e se a ecoansiedade era preditora dos comportamentos pró-ambientais.

Os resultados demonstraram que a estrutura fatorial da escala original foi replicada na versão portuguesa da Hogg Eco-Anxiety Scale, mostrando boa consistência interna, estabilidade temporal e invariância entre homens e mulheres. Um nível maior de formação paterna era preditor de uma maior ecoansiedade no jovem. Duas dimensões de ecoansiedade, nomeadamente, ruminação e ansiedade sobre os impactos pessoais no ambiente, foram preditoras de um maior envolvimento e compromisso com os comportamentos pró-ambientais.

Assim, é possível concluir que a escala traduzida é uma ferramenta apropriada para medir a ecoansiedade no contexto português e deve ser usada para recolher informação para definir políticas ambientais e de saúde. O nível de escolaridade de um indivíduo deve ser considerado determinante na sua resposta emocional às condições ambientais. É ainda importante realçar que a ecoansiedade pode atuar como uma resposta emocional protetora para preservar o planeta.

O artigo, publicado na BMC Public Health, é da autoria de Francisco Sampaio, Tiago Costa, Luísa Teixeira-Santos, Lara Guedes de Pinho, Carlos Sequeira, Sílvia Luís, Ana Loureiro, Jerônimo C. Soro, Juan Roldán Merino, Antonio Moreno Poyato, Juan Segundo Peña Loray, Andrea Rodríguez Quiroga, Léan V. O’Brien, Teaghan L. Hogg e Samantha K. Stanley.

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