A Condição do Espetro do Autismo é uma condição neurológica de desenvolvimento, presente desde a infância e de carácter permanente, decorrente de alterações no desenvolvimento e na maturação do sistema nervoso central. Segundo a Associação Americana de Psiquiatria, “os sintomas surgem nos primeiros três anos de vida e incluem três grandes domínios de perturbação: social, comportamental e comunicacional”.
Durante esta conversa o Dr. Fernando Campilho explica que o autismo apresenta uma grande diversidade de manifestações, variando de pessoa para pessoa e na mesma pessoa ao longo do seu ciclo de vida, razão pela qual se deve falar da condição num espetro.
De acordo com o Presidente do Conselho Executivo da Federação Portuguesa de Autismo, esta condição apresenta alguns traços típicos, tais como movimentos motores estereotipados ou repetitivos, ou uso de objetos ou fala de modo repetitivo e constante; dificuldades ao nível da reciprocidade emocional; dificuldades ao nível da comunicação não verbal; dificuldades em desenvolver e manter relacionamentos; adesão inflexível ou insistência em manter rotinas, ou padrões ritualizados de comportamento verbal ou não-verbal; interesses específicos em diferente intensidade e/ou foco e hiper ou hipossensibilidade (elevada ou baixa reatividade) a estímulos sensoriais.
Ainda são muitos os estereótipos existentes ligado ao autismo, como por exemplo o facto de se acreditar que apenas os rapazes são afetados pela condição, o que leva ao subdiagnóstico no sexo feminino. “Por um lado, nas descrições iniciais, havia uma razão de cerca de 5 rapazes para cada rapariga diagnosticada; por outro lado no sexo feminino, com frequência, as manifestações são mais camufladas, o que também tem dificultado esse diagnóstico” explica o Dr. Fernando Campilho.
Outro mito passa por acreditar que o autismo é uma condição apenas das crianças. Contudo, o médico afirma que uma pessoa é autista desde o momento que nasce até que morre, sendo que, com uma frequência crescente, são diagnosticados adultos com autismo.
Para além disso, as pessoas afetadas pela condição são capazes de ter empregos em que são produtivos, e com frequência, devido às suas características, até podem ser mais produtivos que os colegas de trabalho.
Segundo o Presidente da Federação, uma das principais dificuldades na comunicação da informação sobre esta condição, é fazer ouvir a voz das Pessoas no Espectro do Autismo junto do poder legislativo e executivo.
O Dr. Fernando Campilho afirma que “o autismo não é uma doença no sentido em que é uma forma diferente do cérebro se desenvolver”. Trata-se de uma situação de neurodiversidade. Por fim, recorda que “o diagnóstico precoce e a intervenção precoce podem permitir que as pessoas autistas desenvolvam as suas competências ao máximo”.