Um estudo publicado na revista Dementia identificou várias questões éticas associadas ao uso de tecnologias de apoio para pessoas com demência e os respetivos cuidadores. O estudo, intitulado Ethical issues associated with assistive technologies for persons living with dementia and their caregivers – An overview of reviews, reuniu evidência de 15 revisões publicadas nos últimos 20 anos e sintetizou os principais desafios éticos em torno destas soluções.

A investigação, que contou com a participação de Rosa Silva, docente da Escola Superior de Enfermagem do Porto, destaca o potencial destas tecnologias para melhorar a qualidade de vida, promovendo segurança, independência e inclusão social. Ainda assim, os autores alertam para riscos como a vigilância excessiva, a despersonalização do cuidado e a estigmatização dos utilizadores.

As revisões analisadas foram identificadas em nove bases de dados e selecionadas pela sua atenção substancial às questões éticas. Os temas centrais incluem a preservação da autonomia, o respeito pela privacidade, a equidade no acesso e a necessidade de soluções sensíveis ao contexto social e cultural.

O debate ético sobre estas tecnologias é influenciado por múltiplos fatores, como a progressão variável dos sintomas da demência, diferentes abordagens ao tratamento e à ética, prioridades distintas entre profissionais, cuidadores e pessoas com demência, bem como variações geográficas e culturais.

Desenvolvido no âmbito do projeto Ética na Demência, o estudo sublinha a complexidade das decisões éticas associadas ao uso de tecnologia neste contexto e defende um design centrado na pessoa, que respeite os direitos fundamentais de quem vive com demência e das pessoas que cuidam.

O artigo é da autoria de Anthony Scerri, Frederik Schou Juul, Rosa Silva, Rodrigo Serrat, Adrienne Grech, Gabija Jarašiūnaitė Fedosejeva, Montserrat Celdrán, Elzbieta Trypka, Christian Borg Xuereb, Nilufer Korkmaz-Yaylagul, Melina Evripidou, Isabel Machado Alexandre e Sigurd Lauridsen.