Estudo propõe o uso de Inteligência Artificial para diagnosticar demência em pessoas infetadas com HIV

Published by Francisco Vieira on

A Demência associada ao HIV é a principal fonte de morbidade e mortalidade em indivíduos infetados e a mais comum na população mais jovem com HIV. A procura contínua por diagnósticos clínicos com maior precisão tem impulsionado o uso de modelos híbridos de tecnologias computacionais que utilizam conceitos de Inteligência Artificial e métodos qualitativos baseados em Análise de Decisão Verbal. Esses modelos híbridos podem ser usados ​​para acelerar o diagnóstico de distúrbios neurológicos, como a demência cognitiva e motora, em indivíduos infetados com o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) e, assim, estabelecer um tratamento mais precoce, ágil e eficaz.

Este foi o mote para o artigo “An Intelligent Multicriteria Model for Diagnosing Dementia in People Infected with Human Immunodeficiency Virus”, recentemente publicado na revista Applied Sciences pelo docente da Escola Superior de Enfermagem do Porto, Wilson Abreu em coautoria com investigadores da Universidade Estadual do Ceará e Universidade de Fortaleza.

Este estudo propõe um modelo híbrido baseado em Aprendizagem Automática – Machine Learning (ML[1]) e associado a um método de Análise de Decisão Verbal com o objetivo de melhorar o poder preditivo da característica de dados, a partir de um conjunto de informações estruturadas. Os modelos de diagnóstico de doenças neurológicas, como demência cognitiva e motora, foram aplicados neste trabalho a pessoas infetadas pelo HIV.

Na realização deste estudo foram analisados dados de 294 indivíduos infetados com HIV/SIDA e acompanhados em ambulatório num hospital de referência em doenças infeciosas e parasitárias do Estado do Ceará, no Brasil.

Este trabalho de investigação permitiu perceber que a abordagem híbrida se mostrou eficiente e revelou dez características que influenciam a previsão de um alto risco de demência em pessoas com HIV. Além disso, combinar o algoritmo e a experiência do profissional de saúde para obter a estrutura diagnóstica é essencial, dada a necessidade de experiência clínica e respostas subjetivas.

De facto, identificar os transtornos mentais é um processo complexo, dadas as subjetividades vivenciadas por cada indivíduo. A presença do HIV, além do comprometimento neurológico, pode impactar os fatores psicológicos e sociais da pessoa infetada, provocando uma mistura de sentimentos de medo, pânico, tendências suicidas, ansiedade e isolamento social, que podem interferir na adesão à terapia antirretroviral e à qualidade de vida do indivíduo.

Foram coautores deste estudo: Luana Pinheiro[2], Maria Lúcia Pereira[3], Evandro de Andrade[4], Luciano Nunes[5], Pedro Gabriel Calíope Pinheiro[6], Raimir Holanda Filho[7] e Plácido Rogério Pinheiro[8]


[1] É a área da inteligência artificial relacionada com a procura de um conjunto de regras e procedimentos para permitir que as máquinas possam agir e tomar decisões baseadas em dados, ao invés de serem explicitamente programadas para realizar uma determinada tarefa.

[2] Universidade Estadual do Ceará, Brasil

[3] Universidade Estadual do Ceará, Brasil

[4] Universidade de Fortaleza, Brasil

[5] Universidade de Fortaleza, Brasil

[6] Universidade de Fortaleza, Brasil

[7] Universidade de Fortaleza, Brasil

[8] Universidade Estadual do Ceará, Brasil